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DogSolution Metodologia Renato Zanetti

Por um mundo com menos obedientes-objetos-comandados e mais cães-amigos

Durante anos, a palmatória foi instrumento persuasivo utilizado por inúmeros educadores, escolas e sistemas de ensino.

Artefato de madeira, geralmente formado por um círculo com uma haste, tinha como objetivo castigar Dog alunos indisciplinados e acelerar o aprendizado. O uso de tal ferramenta foi abolido tanto no Brasil, quanto em boa parte do mundo. Mais além, utilizar qualquer punição física no âmbito escolar passou a ser considerado crime.

Na seara doméstica, processo semelhante tem sido observado. No Brasil, desde 2014 vigora Lei que proíbe pais de aplicar castigo físico ou tratamento cruel ou degradante para educar filhos. Conhecida informalmente como Lei da Palmada, ela determina que pais que agredirem filhos devem receber orientação, tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de advertência. Ou seja, devem buscar outro modo de educar seus filhos.

Longe de contestar o mérito da Lei, está havendo uma mudança na forma como as pessoas se relacionam, aprendem e educam. Via Lei, via bom senso, pouco importa. O fato é que não é mais tolerável agredir (física ou moralmente) para educar, pois formas positivas e construtivas foram identificadas e são aplicadas com sucesso.

Migrando para o mundo animal, movimento semelhante tem sido observado. Métodos aversivos de relacionamento e punições positivas, gradualmente, têm sido substituídos por formas agradáveis de educação. O uso de choque, tranco, grito e formas variadas de intimidação com objetivo de se obter uma resposta comportamental têm se tornado tão bizarros quanto à palmatória do século passado.

Falando de cães, não faz sentido se valer de métodos que se opõem a um relacionamento baseado na confiança, se o desejo é educar, ensinar, envolver, conquistar e cuidar do nosso animal-melhor-amigo.

A respeito da relação histórica que desenvolvemos com os cães, que tal observarmos atitudes rotineiras, mas com um viés mais amigável? Podemos começar questionando 3 expressões de uso comum, mas com sentido totalmente oposto ao desejado pelas pessoas:
1. Dono
2. Comando
3. Obediência

Dono – Quando alguém se refere ao vínculo entre pessoas e cães, diz-se que somos os donos dos cães, não se dando conta que objetos, coisas e ferramentas é que estão sujeitos a donos. Parece pouco, mas tratar a relação desta forma imprime um sentimento de autoridade sobre o próximo. Somos donos dos nossos amigos?

Comando – Ao pedido para o cão fazer algo (sentar-se, por exemplo), dá-se o nome de comando. Será que o cão espera de nós comandos? Pior é que, na maioria das vezes, este ‘comando’ é envolto por um tom duro e autoritário visando acato imediato. Não seria mais afável uma solicitação, um pedido para fazer algo que gerasse satisfação ao cão?

Obediência – Do cão, espera-se obediência, correto? O Dicionário Michaelis define obediência como ‘submissão à autoridade legítima’. Antes de se fomentar uma relação de autoridade e submissão (neste contexto, nada relacionado à errônea ideia de submissão como oposto à dominância), deve-se estabelecer os critérios desejáveis para uma convivência agradável e duradoura. Não é isso o que fazemos com amigos! Em caso de sucesso, sequer é necessário esperar obediência. Colhe-se, apenas, o resultado de um bom convívio sob o mesmo ambiente.

Grandes alterações em padrões de comportamento vêm de pequenas mudanças. Rever os princípios de como pessoas se relacionam com cães pode resultar numa forma mais harmoniosa de convívio, excluindo-se a relação de posse, força e imposição de vontades.

Ao invés de obedientes-objetos-comandados, teremos a companhia de cães-amigos.

Direitos reservados: É permitida a reprodução, encaminhamento e uso não comercial na íntegra deste artigo, desde que citado o autor.

Fonte: Renato Zanetti | www.renatozanetti.com.br

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